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Sermões Expositivos em Eclesiastes – A soma de todos os medos

Série de sermões expositivos sobre o livro de Eclesiastes. Sermão Nº 09 –  A soma de todos os medos. Eclesiastes 3:16-4:3. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 20/05/2020.

INTRODUÇÃO:

o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão (Ec 3.19-20).

Julian Barnes está com medo. Ele sabe que não deveria estar, mas está. Ele não consegue impedir. Veja bem, Julian Barnes está com medo de morrer.

O famoso escritor inglês — autor de Flaubert’sParrot e outros romances aclamados pela crítica — antigamente se declarava ateu.

Depois, alegou ser agnóstico, porque, em sua opinião, não existe nenhuma razão boa para supor que Deus existe.

Isso significaria também que não há vida depois da morte e, portanto, “Nada a se temer”; inclusive esse foi o título de um de seus livros mais recentes.

No entanto, a verdade sóbria é que Julian Barnes está desesperadamente com medo de morrer. The New York Times Book Review diagnosticou sem erro a sua condição como TANATOFOBIA — o medo da morte.

Barnes pensa na morte todos os dias e reconhece que de noite, às vezes, ele é “acordado por um rugido” e “lançado do sono para a escuridão, para o pânico e para a consciência maligna de que este é um mundo alugado”.

Acordado e completamente sozinho, ele soca seu travesseiro e chora: “Ah! Não! Ah! Não! AH! NÃO!”.

Os sonhos de Julian são ainda mais sombrios. Às vezes, ele é enterrado vivo. Outras vezes, é “caçado, cercado, derrotado”. As vezes ele é mantido “refém, equivocadamente condenado à morte e até informado que menos tempo lhe resta” do que ele havia pensado.

“As coisas comuns”, como descreve seus sonhos. E talvez esses sonhos sejam comuns, porque a MORTE É A SOMA DE TODOS OS NOSSOS MEDOS; medo de ficarmos sozinhos, medo de sermos abandonados, medo de sermos condenados.

Quando você acorda no meio da noite, você tem medo de quê? O que realmente te assombra?

  1. A desumanidade do homem com o homem

Eclesiastes encara NOSSOS MEDOS fazendo as perguntas mais difíceis que toda pessoa possa fazer sobre o sentido do universo, a existência de Deus e a vida vindoura.

A difícil pergunta sobre a MORTE volta mais uma vez no final do capítulo 3, em que o Pregador formula um problema e encontra uma resposta, apenas para descobrir que há um problema também com essa resposta.

Ele tem refletido sobre todas as injustiças no mundo e sobre o seu desejo de que Deus lide com todas elas no JUÍZO FINAL.

Mas a reflexão sobre aquele grande e terrível dia o leva a se perguntar novamente o que acontecerá quando morrermos.

O ponto de partida é o versículo 16, em que o autor introduz um novo tema: “ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda” (Ec 3.16).

Como já vimos, a expressão “debaixo do sol” descreve a “futilidade e a falta de sentido de uma vida vivida apenas para si mesmo e para o momento, sem gratidão ou respeito por Deus e seus caminhos”.

O que vemos “debaixo do sol” nesse caso é injustiça desenfreada o que podemos chamar de a DESUMANIDADE DO HOMEM COM O HOMEM.

Aqui, o pregador fala como um dos profetas bíblicos. Homens como Amós e Jeremias sempre clamavam por justiça, e o faziam com todo o direito, pois a justiça é um dos desejos profundos do coração humano.

Isso começa já na infância: as crianças constantemente reclamam: “isso não é justo!”.

Infelizmente, a injustiça não se limita ao parquinho, mas nos acompanha durante toda a vida. Somos membros de uma RAÇA INJUSTA.

O problema aqui é que até mesmo o “LUGAR DO JUÍZO” é injusto. O mesmo lugar em que a maioria espera e mais precisa; para receber justiça se revela um lugar de injustiça.

Até mesmo o SISTEMA JURÍDICO é corrupto. Talvez por isso a imagem que representa a justiça seja cega, revelando sua incapacidade de ver a verdade.

Isso não é apenas uma frustração, como alguns dos outros problemas mencionados em Eclesiastes, mas uma manifestação do mal genuíno.

Pessoas inocentes são condenadas por crimes que nunca cometeram. Estavam simplesmente no lugar errado na hora errada, ou tinham, talvez, a cor de pele errada no bairro errado.

E igualmente frequentes são os casos em que pessoas conseguem roubar, tirar vantagens políticas e até mesmomatar; sem serem punidas.

Elas têm influência e dinheiro para contratar advogados melhores, e de comprar sentenças.

Elas tema possibilidade de se esconder por trás das estruturas de uma grande corporação ou instituição pública; para se aproveitar de pessoas menos afortunadas.

Pior ainda, não há nada que possa ser feito a respeito disso. A frustração do Pregador não se deve simplesmente ao fato de que a injustiça é cometida, mas que ela permanece impune.

Ele não está se queixando porque existe maldade no lugar do juízo, mas porque a maldade no lugar do juízo não pode ser corrigida.

Quando as salas da justiça se transformam em corredores da corrupção, onde a justiça poderá ser encontrada?

O Pregador retoma esse tema no início do capítulo 4, em que diz:

Vi ainda todas as opressões que se fazem debaixo do sol: vi as lágrimas dos que foram oprimidos, sem que ninguém os consolasse; vi a violência na mão dos opressores, sem que ninguém consolasse os oprimidos” (Ec 4.1).

Nesse raciocínio, existem dois tipos de pessoa no mundo: OS OPRIMIDOS E SEUS OPRESSORES. Os opressores são aqueles que têm todas as vantagens do seu lado. O poder está do seu lado, deixando às vítimas nada além de lágrimas.

Quando lemos a Bíblia, descobrimos rapidamente que este é um conflito no qual Deus toma partido. Ele não está do lado da injustiça, mas se opõe a ela com todo o seu poder.

Vemos isso repetidas vezes nos profetas bíblicos. Amós pregou contra pessoas que “oprimem os pobres” e “esmagam os necessitados” (Am 4.1; cf. Pv 14.31). Ezequiel advertiu contra a extorsão e o roubo a estrangeiros (Ez 22.12).

Zacarias fez uma lista das pessoas mais prováveis a serem oprimidas: viúvas, órfãos, viajantes e os pobres (Zc 7.9-10; cf. Êx 22.21-22).

Não são apenas palavras e atos os causadores de opressão, mas também a LEGISLAÇÃO é opressora.

Assim, Isaías pronunciou o “ai” de Deus contra “os que decretam leis injustas, os que escrevem leis de opressão” (Is 10.1).

As palavras desses profetas falam dos pecados e opressões que nós vemos em nosso próprio país.

Onde os mais pobres dos pobres estão ficando mais pobres, pais de famílias têm dificuldades de encontrar um emprego decente, os sistemas de educação são ineficazes para nossos filhos, pais abusam de suas esposas e crianças.

E há também toda a OPRESSÃO que vemos ao redor do mundo —drogas, violência; genocídio, terrorismo, escravidão, tráfico de mulheres, crianças de rua. Ah! quanta injustiça!

Quando o Pregador viu o que realmente estava acontecendo no mundo, ele desejou alguém que confortasse os oprimidos e enxugasse as suas lágrimas.

Numa CULTURA DE EXPLORAÇÃO, ele queria consertar os erros e consolar as vítimas da injustiça. Duas vezes ele lamenta porque ninguém foi capaz de oferecer consolo.

O Pregador teve uma REAÇÃO EMOCIONAL INTENSA a ambos os grupos de pessoas e foi a mesma “reação santa” que vemos na vida de Jesus Cristo.

De um lado, Ele respondeu ao sofrimento dos oprimidos com LAMENTAÇÃO, como as lágrimas que Jesus derramou pelas pessoas aflitas e desamparadas de Israel (Mt 9.36).

Por outro, respondeu aos seus opressores com INDIGNAÇÃO, como as palavras de ira que Jesus proferiu contra os cambistas no templo, os fariseus e os ricos opressores (p. ex., Lc 19.45-46).

Mas o que o Pregador mais sentiu foi FRUSTRAÇÃO por não poder pôr um fim à opressão.

Sentimos a mesma frustração hoje quando recebemos notícias sobre a luta da IGREJA PERSEGUIDA.

Veja esta história verdadeira de “Lana”, uma moça egípcia de 19 anos de idade, criada em um lar muçulmano devoto.

Lana sempre aprendera a desdenhar o cristianismo, mas, certo dia, uma amiga da escola a convidou para ouvir um programa de rádio em que ela compartilhava o evangelho.

Lana começou a se perguntar se Jesus Cristo era realmente Deus ou se ele era meramente um mensageiro de Deus como sempre haviam lhe ensinado. Quando leu a Bíblia, obteve a clara convicção de que Jesus é o Cristo.

Infelizmente, quando Lana aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador, ela foi atacada por sua própria família. Seu pai bateu nela. Sua mãe não permitiu que ela se sentasse à mesa com a família.

Por fim, declararam que, para eles, Lana estava morta. Mas mesmo após a expulsarem de casa, continuaram a persegui-la. Ela foi sequestrada e surrada até perder a consciência.

Esse é o tipo de opressão que vemos debaixo do sol — perseguição que, às vezes, não podemos evitar.

Como, então, devemos reagir? Onde esse tipo de sofrimento se encaixa em nossa teologia?

  1. Um tempo para a justiça

O autor de Eclesiastes tinha uma boa resposta para o problema da injustiça. Ele disse em seu coração: “Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e para toda obra” (Ec 3.17).

Aqui vemos o Pregador aplicando um velho sermão ao seu próprio coração.

Certa criança de 7 anos após ouvir seu Pastor pregar sobre Eclesiastes 3.2, que nos diz que “há tempo de nascer e tempo de morrer”.

Então quando seu pai veio lhe dizer que sua avó estava doente e provavelmente ela não se recuperaria ele respondeu: “É como o pastor disse:“Deus tem um tempo para tudo”. O menino aplicou a verdade sobre o tempo para entender a vida e a morte.

O Pregador faz algo semelhante no versículo 17: ele recorre a um princípio espiritual que ele ensinou antes no capítulo 2 e o aplica à questão da injustiça.

Se existe uma estação para tudo e “tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3.1), então deve existir também um tempo para a justiça.

Portanto, em vez de simplesmente se enfurecer e se entristecer com toda a opressão que vemos no mundo, podemos confiar que, no fim, Deus corrigirá tudo.

Isso não significa que nunca haverá um tempo para buscarmos a justiça. Dependendo do nosso lugar na sociedade — da autoridade espiritual ou civil que Deus nos deu — cabe a nós a responsabilidade de lutar contra a opressão.

Como pais e mães, como pastores e presbíteros, como cidadãos e funcionários públicos, somos chamados para fazer o que é certo em casa, na igreja e na sociedade.

No entanto, infelizmente, até mesmo os nossos maiores esforços não conseguirão acabar com a opressão.

Ainda haverá violência contra mulheres e crianças, policiais continuarão a ser assassinados no exercício de suas tarefas. Ainda haverá estruturas de corrupção no comércio e no governo.

Potências estrangeiras continuarão abusando de seu próprio povo, desafiando a ordem mundial.

Mas em todas as situações em que não temos o poder e a autoridade ou sabedoria para resolvê-las, Deus garante que a justiça será feita.

Nossa confiança não está no SISTEMA JUDICIÁRIO, mas no JUIZ SUPREMO, Jesus Cristo. Deus prometeu um dia em que seu Filho julgará os justos e ímpios (At 17.30-31).

A hora para sua obra de retribuição divina é o DIA DO JUÍZO, quando pronunciará sua SENTENÇA FINAL para toda a humanidade. “Não fará justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25).

Sim, os ímpios serão castigados para sempre (Mt 25.41-46), e Os justos serão consolados pelo Espírito de Deus, que enxugará cada lágrima de seus olhos (Ap 21.4).

Como o Pregador dirá no fim do seu livro: “Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12.14).

Vivemos na esperança segura e na expectativa certa desse grande dia. Sempre que vemos injustiça — sobretudo atos de opressão que não podemos impedir – podemos orar por justiça, entregando tudo às mãos de Deus.

Isso exige fé nas promessas de Deus e também a paciência para esperar pela sua hora.

Como os MÁRTIRES, que já foram para a glória, nós exclamamos: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas?” (Ap 6.9-10).

Jesus prometeu que, quando seu povo clamar dia e noite, Deus “depressa, lhes fará justiça” (Lc 18.8).

Se a justiça parece demorar, como acontece muitas vezes, devemos orar e crer nas palavras dos profetas, que disseram: “se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará” (Hc 2.3).

  1. Do pó veio ao pó retornará.

Mesmo assim, algumas pessoas podem se perguntam por que a justiça tarda. Por que Deus não julga as pessoas imediatamente? Por que ele espera até o juízo final?

O Pregador tinha uma boa resposta para isso também:

“Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais” (Ec 3.18).

Nossa existência atual é um CAMPO DE PROVAÇÃO. É um teste, não simplesmente no sentido de algo que superamos ou falhamos, mas também no sentido de algo que revela nosso CARÁTER VERDADEIRO.

Um dos propósitos da vida é examinar e, por fim, revelar o nosso lugar no universo e o nosso verdadeiro relacionamento com Deus.

Esse teste não é para o benefício de Deus, como se existisse algo que ele ainda não soubesse a nosso respeito, mas para o nosso bem, para que aprendamos a reconhecer a nossa MORTALIDADE.

Esse é o nosso grande desafio: Será que conseguiremos reconhecer quem realmente somos? Pois se há uma verdade clara e definitiva sobre nós é essa; nós não nos conhecemos!

À primeira vista, a comparação de Eclesiastes com os animais pode não parecer bíblica, como algo que um EVOLUCIONISTA diria.

Voe poderia dizer: mais a Bíblia não diz que somos apenas um pouco inferiores aos anjos e que todos os animais estão sob nosso domínio (veja o Sl 8)?

Deus não nos fez à sua própria imagem (veja Gn 1.27), e isso não nos distingue de todas as outras criaturas no mundo?

O pregador diz: tudo isso é vaidade, mas o que Eclesiastes diz também é verdade: homens são como animais racionais.

Ao dizer isso, o Pregador está comentando não só a nossa biologia, mas também o nosso destino.Ele está fazendo uma comparação específica, como explica:

o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão” (Ec 3.19-20).

Essa é uma das declarações mais fortes da Bíblia sobre a inevitabilidade da morte. O que o Pregador quer dizer é que as pessoas morrem, assim como os animais.

A despeito de todas as diferenças existentes entre nós, temos essa coisa em comum: sendo homens ou animais, todos nós teremos o mesmo destino, pelo menos no que diz respeito aos nossos corpos físicos.

A morte é o grande IGUALADOR, um grande EQUALIZADOR. Lembramos disso toda vez que vemos um animal morto.  Já nos acostumamos a ver corpos de pombas, e outros pássaros e até ratos.

Quando vemos algo assim, será que nos lembramos que também somos mortais, ou simplesmente desviamos o olhar? Animais são criaturas vivas, assim como nós. Como nós, eles receberam o sopro da vida de seu Criador.

Mas esta vida não durará para sempre. Virá o dia em que eles expirarão pela última vez, como nós. Com nosso último respiro, todos nós iremos para o mesmo lugar, caindo na terra e voltando ao pó (veja Jó 10.9; Si 22.15).

Ao usar essa linguagem, o Pregador nos lembra da maldição de Deus contra o pecado de Adão: somos pó, e para o pó retornaremos (Gn 3.19; cf. os Si 90.3; 104.29). “Cinzas, cinzas, todos nós caímos”.

Nesse sentido, não somos melhores do que animais. Nas palavras do salmista: “Todavia, o homem não permanece em sua ostentação; é, antes, como os animais, que perecem” (SI 49.12).

Qual é então a nossa resposta à certeza da nossa mortalidade?

A abordagem de uma ORDEM DE MONGES TRAPISTAS merece ser imitada. Juntos eles escavam um túmulo. Todos os dias vão até o local do túmulo, olham para o buraco na terra e contemplam a sua própria mortalidade.

Quando um deles morre, eles o deitam no túmulo e o cobrem com terra. Então, escavam outro túmulo e reiniciam todo o ritual, sem saber quem será o próximo a morrer.

Nem todos respondem à morte de forma tão sóbria ou prática. Algumas pessoas tentam rir dela, como Woody Allen, que disse: “Não tenho medo de morrer; só não quero estar presente quando acontecer!”.

Outras pessoas tem medo, como Julian Barnes. Sem qualquer consolo para seus medos, eles sofrem terrores à noite e se desesperam em sua tentativa de encontrar um sentido na vida.

O Pregador parece ter alcançado este ponto aqui: “tudo é vaidade” ele diz (Ec 3.19). SE TODOS MORREM, A VIDA NÃO TEM SENTIDO.

O escritor inglês Somerset Maugham chegou à mesma conclusão:

Se deixarmos de lado a existência de Deus e a sobrevivência após a vida como duvidosas demais… então precisamos tomar uma decisão em relação ao uso da vida.

Se a morte põe um fim a tudo, se eu não puder esperar o bem nem temer o mal, eu preciso perguntar-me por que estou aqui, e como, sob estas condições, devo comportar-me.

Agora a resposta é clara, mas tão intragável que a maioria não a encara. Não há sentido para a vida e [portanto] a vida não tem sentido.

  1. Existe vida após a morte?

Sem sentido, nada tem sentido. Por um momento, parecia que o juízo final resolveria o problema da injustiça. Mas qualquer alivio que o Pregador possa ter sentido, ele foi apenas passageiro.

A resposta ao seu problema se revelou como outro problema! Ao continuar a contemplar o atraso da justiça divina e ao refletir sobre as consequências de sua própria mortalidade, ele voltou para onde começou: vaidade de vaidades.

No entanto, Eclesiastes sabia que havia uma coisa que poderia fazer uma diferença à face da morte.

Mesmo que seja verdade que nossos corpos voltarão ao pó, nossas almas viveram para sempre.

E este é o caso, isso claramente distingue o homem do animal. Isso também dá ao Pregador a garantia de que os opressores serão levados à justiça.

Tudo depende se existe uma vida após a morte ou não. Se não existir, não há saída do desespero; mas se existir, então tudo pode ainda acabar bem no final.

Por ora, o Pregador não tem tanta certeza da vida que está por vir. Na verdade, parece profundamente inseguro:

“Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?” (Ec 3.21).

Obviamente, o Pregador havia ouvido a sabedoria convencional, segundo a qual, quando os animais morrem, eles simplesmente morrem, mas quando uma pessoa morre, seu espírito sobe para o céu.

Mesmo que alguns estudiosos ainda duvidem de que as pessoas no tempo do Antigo Testamento acreditavam na vida após a morte, este e muitos outros versículos deixam claro que elas acreditavam.

Contudo, Eclesiastes parece estar começando a ter suas dúvidas.

Por isso, fez as PERGUNTAS AGNÓSTICAS: Quem sabe? podemos realmente ter certeza? Como podemos saber se, quando morremos realmente vamos para o céu para viver com Deus?

Essas são as perguntas mais fundamentais que podemos fazer sobre nosso destino. Sabemos que um dia virá a hora da nossa morte.

A pergunta é: voltaremos a viver? SE SOUBÉSSEMOS O QUE ACONTECE QUANDO MORREMOS NOS AJUDARIA A SABER COMO VIVER.

No entanto, parece que o Pregador estava tendo dificuldades para encontrar certeza.

Mesmo que alguns estudiosos vejam o versículo 21 como uma afirmação, ele parece ser uma pergunta autêntica: quem sabe?

Ao relutar começa INCERTEZA, o primeiro impulso do Pregador era mergulhar no trabalho:

“Pelo que vi não haver coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua recompensa; quem o fará voltar para ver o que será depois dele?” (Ec 3.22).

Se estivermos encarando um futuro incerto, talvez a melhor coisa a fazer neste momento é ser produtivo, tentando encontrar um SENSO DE SIGNIFICÂNCIA.

Isso pode parecer um consolo fraco, mas o Pregador não está sendo apenas cínico. Pois é isso que as pessoas fazem.

Mesmo que aquilo que diz sobre encontrar alegria no nosso trabalho soe um pouco vazio, sua declaração combina com o que diz em outros pontos sobre o prazer ordinário do dia a dia.

Sem a CERTEZA DA VIDA ETERNA, porém, a alegria que encontramos no nosso trabalho diário jamais nos dará uma satisfação duradoura.

Veremos isso nos primeiros versículos do capítulo 4, nos quais o Pregador volta a cair rapidamente em desespero.

Mais uma vez, ele testemunha a opressão ímpia dos homens maus (Ec 4.1). Isso o leva a invejar os mortos e aqueles que ainda do nasceram:

“Pelo que tenho por mais felizes os que já morreram, mais do que os que ainda vivem; porém mais que uns e outros tenho por feliz aquele que ainda não nasceu e não viu as más obras que se fazem debaixo do sol” (Ec 4.2-3).

Essa comparação amarga é um eco das palavras de profetas fiéis como Elias e Jeremias, que, às vezes, se desesperaram com a vida (veja 1Rs 19.3-5; Jr 20.14-18).

Você alguma vez desejou nunca ter nascido ou que sua vida terminasse para que, finalmente, suas dificuldades chegassem ao fim?

Se a pergunta é “ser ou não ser”, então, talvez seja melhor não ser.

“Tudo é um grande nada“, diz um dos personagens no seriado de TV Os Sopranos. “No final, você morre em seus próprios braços”.

Em vista de todas as coisas deprimentes que acontecem neste MUNDO DEPRAVADO talvez teria sido melhor se nunca tivéssemos vivido.

Más se tivéssemos certeza da nossa própria salvação e soubéssemos que a justiça seria feita, então as nossas vidas seriam cheias de alegria e esperança.

Mas quando duvidamos, como o fez muitas vezes o Pregador, é tentador pensar que estaríamos melhor se estivéssemos mortos.

  1. Do pó à glória.

A essa altura em Eclesiastes, é evidente que oPregador não tem todas as respostas.

Apesar de todo progresso que conseguira fazer na compreensão do sentido da vida, ainda havia muitas coisas que não entendia.

Mas, pelo menos, ele estava fazendo as perguntas certas. Talvez melhor do que qualquer pessoa na história, o pregador identificou precisamente os problemas da existência humana.

Se continuarmos a fazer as suas perguntas hoje, e se procurarmos as respostas que Deus nos deu no evangelho de seu Filho, o Espírito Santo nos levará à verdade da vida eterna.

Um dos primeiros pais da igreja disse: “Eclesiastes, ao instruir-nos por meio de enigmas, nos guia para a outra vida”.

Uma maneira de encontrar essa “outra vida”; é dar todas as respostas bíblicas às perguntas que o Pregador levanta nessa passagem.

Ele pergunta: “Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?” (Ec 3.21).

Ele pergunta também: “Quem o fará voltar para ver o que será depois dele?” (Ec 3.22).

São perguntas maravilhosas. Se quiséssemos, poderíamos respondê-las com o próprio Antigo Testamento.

O mesmo salmo que fala sobre pessoas que “perecem como animais” continua para fazer a promessa: “… Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si” (SL 49.15).

Na verdade, quando ele falou sobre homens e animais voltarem ao pó da morte, o Pregador pode ter suposto que seus ouvintes e leitores se lembrariam desse salmo, inclusive de sua promessa da vida após a morte.

Ele certamente ele acreditava na vida após a morte, pois quando fala sobre a morte no fim de seu livro, ele diz: “o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).

Mais a melhor RESPOSTA, porém, é aquela que Deus deu por meio da pessoa e da obra de seu Filho Jesus Cristo. Todos que quiserem saber o que acontece depois da morte devem perguntar a Jesus.

Somete Ele é capaz de levar-nos a ver o que será depois de nós, pois ele passou pela morte e alcançou o outro lado.

Jesus foi morto numa cruz, mas ele não permaneceu morto. No terceiro dia, ele ressuscitou.

Seu corpo e seu espírito subiram para a glória à direita de Deus. Agora, todos que crerem nele “obterão superior ressurreição” (Hb 11.35).

Jesus foi para o céu para preparar um lugar para nós, para que possamos estar onde ele está (veja Jo 14.3).

E por isso que podemos ter certeza de que iremos para o céu. E porque Jesus “não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2Tm 1.10).

O correspondente da guerra civil norte-americana Samuel Wilkerson recorreu a essa grande promessa quando contemplou o massacre na batalha de Gettysburg.

Na providência de Deus, o jornalista descobriu o corpo de seu próprio filho, que havia lutado pela União e que havia morrido na batalha.

Em seu luto, Wilkerson não se desesperou, mas reivindicou a promessa da ressurreição, segundo a qual aqueles que morrem em Cristo ressuscitarão.

Aqui está o que ele escreveu para a New York Times ao lado do corpo de seu filho amado:

Ah!, mortos que, em Gettysburg, batizaram com seu sangue o segundo nascimento da liberdade na América, como devem ser invejados!

Levanto-me de um túmulo cuja terra beijei com paixão, e levanto meus olhos para ver Cristo atravessando esse campo de batalha com seus pés e estendendo seu braço fraternal e amoroso para o céu.

Sua mão direita abre os portões do paraíso — com a sua esquerda ele convida aquelas formas mutiladas, sangrentas e inchadas para subir.

 

CONCLUSÃO

Você já reivindicou essa promessa, pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, segundo a qual, quando você cair no pó da morte, você ressuscitará em glória?

Caso sua resposta seja sim, você tem o consolo da ressurreição em todas as suas tristezas.

Pela graça de Deus, você pode regozijar no trabalho que Deus lhe deu enquanto espera pelo dia do julgamento.

Você tem a fé e a esperança para perseverar diante da injustiça e opressão.

Antes, contei a história de “Lana”, a jovem egípcia convertida que foi perseguida pela sua fé em Jesus Cristo.

Quando Lana foi renegada por sua família, o que a impediu de se desesperar foi a sua fé no poder da ressurreição de Deus, na vida após a morte com Jesus. “Estou em perigo”, ela testemunhou, “mas confio em Deus porque ele vive.

Meu conforto é que o tempo que estou passando aqui na terra é curto, mas o tempo que passarei com ele será longo… Sabemos que virá um tempo em que não haverá mais tristeza nem sofrimento.

Essa é a nossa esperança no Senhor Jesus”. Sim, essa é a nossa esperança no Senhor Jesus — que após todos os nossos problemas e sofrimentos o Senhor ressurreto nos ressuscitará para a glória.

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